O preço do pecado

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Quase tudo na vida tem um preço. Procure conhecê-lo antes de adquirir ou realizar o que quer que seja. Calcule o custo e verifique se você tem condições de pagar (Lc.14.28). Depois, pode ser tarde demais.

Cuidado! Muitas vezes, o valor está escondido. Mercadorias em exposição são geralmente bem organizadas para atrair e convencer, mas o seu preço pode não estar visível. No Brasil, existe uma lei que obriga os comerciantes a colocarem a plaquinha com o valor, mas o seu desejo seria escondê-lo, pois o preço pode assustar e afugentar os interessados, inviabilizando a venda.

Se nos dispomos a assistir uma apresentação sobre qualquer produto ou serviço, a informação mais difícil de se obter é o preço. É um mistério, um segredo, como se fosse uma ofensa a ser evitada. Para amenizar o impacto, os “marketeiros” trocaram o nome do “pagamento” para “investimento”, o que, em alguns casos, faz sentido. Nós brasileiros já estamos acostumados às propagandas enganosas, falsas promoções, falsos descontos, impostos abusivos, juros embutidos, cobranças com multas e correções monetárias de proporções astronômicas.

De modo paralelo a tudo isso, existem também as negociações espirituais. Satanás faz o seu comércio (Ez 28.16-18). Sua mercadoria é o pecado. Sua propaganda é sedutora, com anúncio de vantagens, ocultação de desvantagens e absoluto silêncio quanto ao preço final (Gn 3). Os aparentes e imediatos benefícios da iniquidade são propagados aos quatro ventos a todo tempo, mas seus efeitos colaterais são omitidos. Não se deixe enganar. Agora, o prazer; depois, o tormento. O pecado pode parecer barato ou até gratuito, mas é muito caro, e a cobrança vem com todo tipo de acréscimo. A despesa não é apenas material ou financeira, mas moral e espiritual. O pecado custa a paz do ser humano, sua alegria, felicidade e razão de viver. Pode incluir a perda dos bens, dos entes queridos, da saúde, da vida, mas o maior interesse do inimigo é pela posse eterna da alma humana. Pode-se ganhar muito dinheiro com o pecado, ou não, mas ele sempre traz grande dívida espiritual.

A proposta do maligno parece uma dádiva, mas a contrapartida é absurda: “Tudo isso te darei, se prostrado me adorares” (Mt 4). Mas, “de que adianta ao homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma”? (Mc 8.36).

O pecado é caro. O prazo de pagamento é a eternidade. O fruto proibido não foi cobrado imediatamente, embora seus efeitos já tivessem começado. O pecado parece gratuito. O texto de Gênesis não diz que Adão e Eva pagaram alguma quantia, mas a lista de prestações foi longa: vergonha, medo, culpa, perda da comunhão com Deus, expulsão do paraíso, bloqueio do acesso à árvore da vida, morte de Abel e, finalmente, a morte do primeiro casal, sem contar com a eternidade no lago de fogo, caso não tenham sido perdoados.

O pecado parece gratuito. Esaú comeu as lentilhas e saiu. Tudo parecia normal, mas a cobrança viria.

Sansão se prostituiu diversas vezes. Ele se levantava e saía como se nada tivesse acontecido, mas a cobrança veio.

“Este é o caminho da adúltera: Ela come e limpa a boca, e diz: Não fiz nada de errado” (Pv.30.20), mas a cobrança vem.

Como saber o preço do pecado? O diabo não dirá, mas podemos descobrir através da Bíblia ou observando o pagamento que outros fizeram.

Veja o preço que Abraão pagou pelo relacionamento com a escrava ou quanto custou o adultério de Davi com Batseba.

O pecado parece gratuito, mas é caríssimo. A prostituição, por exemplo, custa muito mais do que dinheiro. É grande engano pensar que só o cliente paga e a prostituta apenas recebe. Ambos pagam. Satanás recebe. É assim que funciona.

O pecado parece gratuito, mas a conta chegará. O cobrador é implacável. O pecador não conseguirá esconder-se dos verdugos (Mt 18.34). Ninguém conseguirá enganar o Diabo.

O preço da droga não é cinco, dez ou cem reais, mas sua saúde, seus bens e sua vida. O preço do álcool é sua honra, seu emprego e sua família. Tudo isso é mais caro do que você imagina.

O que até aqui foi dito é importante para que tenhamos uma visão razoável do custo do pecado, mas a Bíblia nos ensina também sobre a possibilidade do perdão. Isso não é impunidade, mas significa que alguém pagou a conta em nosso lugar: Jesus Cristo.

O sangue derramado na cruz do Calvário é suficiente para quitar a nossa dívida, mas precisamos saber, reconhecer e aceitar aquele sacrifício.

“Tendo cancelado o escrito de dívida, que era contra nós e que constava de ordenanças, o qual nos era prejudicial, removeu-o inteiramente, encravando-o na cruz” (Cl 2.14).

Jesus pagou o preço do pecado em nosso lugar. Quem suplica o Seu perdão encontra a paz e a comunhão com Deus. Contudo, não podemos considerar Sua graça como uma espécie de cartão pré-pago que nos autoriza a uma vida imunda. Ainda que o sangue de Jesus nos purifique diante de Deus e nos livre do inferno, as consequências terrenas do pecado geralmente continuam. O adultério pode ser perdoado, mas a destruição do casamento pode ser um efeito permanente. Portanto, a vigilância precisa ser constante.

O desejo de Deus é que, tendo sido perdoados, tenhamos a santificação como novo modo de vida. “Porque o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus, nosso Senhor” (Rm 6.23).

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