Você é excêntrico. Recebi a afirmação como um elogio. E que me fez pensar no que isso quer dizer. Ser excêntrico tem alguns significados, ainda mais em uma sociedade que ama dizer “não gostar de padrões”, mas que se encaixa naquele que mais lhe convém. Muitos dicionários trazem significados para a palavra excêntrico, como “que não tem o mesmo centro” ou “diz-se de ou indivíduo que age ou pensa de maneira extravagante, fora dos padrões considerados normais”. E o que seria o padrão normal? Recorrendo ao dicionário, novamente, ‘normal’ seria “o que segue a norma”, “usual”, “comum”, “natural”. Por isso, é algo que varia de cultura a cultura, de comunidade a comunidade, de contexto a contexto.
Hoje, no Brasil, é normal ser uma cópia mal feita de alguém extravagante. Aquele “ídolo” que não concorda com nada em uma sociedade relativista por natureza. Por isso, ser “diferente” já não é mais tão excêntrico assim… já que agora é comum. Usamos como padrão “ser diferente” como o fulano de tal, o que reduz a vida em uma única esfera (financeira, amorosa, religiosa, política). E o resultado são reproduções sem autenticidade alguma. A excentricidade pode ser algo bom ou ruim, depende. Assim como ela pode te trazer liberdade, também pode ser apenas uma falsa independência que te aprisiona nos limites do padrão assumido. E, sim, todos temos um padrão. Todos partimos de um pressuposto que consideramos o mais conveniente. E, tendo isso como verdade, ser excêntrico, então, é uma comparação com a maioria.
Jesus é um claro exemplo de uma pessoa excêntrica. E não só à Sua época, mas, também, hoje. Enquanto os israelitas esperavam um líder político, um rei que os libertaria da opressão do Império Romano com toda maestria e poder, Ele entra em Jerusalém montado em um burro, dizendo ser o Rei dos judeus. Enquanto todos queriam a exaltação de homens, Ele preferiu a humilhação da Cruz. Enquanto era inaceitável a ideia de comer com publicanos, prostitutas e pecadores, Jesus fez isso. Enquanto a sociedade da época baseava sua vida em regras e normas do que podia ou não fazer, Ele Se baseou no amor. Enquanto todos queriam se encher de puras vaidades, Ele escolheu Se esvaziar. Enquanto nós buscamos um evangelho pessoal, reducionista e individualista, Ele (que é o próprio Evangelho) viveu uma doação constante ao outro. Quer ser excêntrico? Siga o exemplo de Cristo.
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